Casamos, faz tempo...
Hoje tens os meus abraços mansos
e os encantos de alguns beijos solitários
falam da paixão de ontem.
Teu corpo ainda chora a minha vontade
que, abandonadamente morreu.
Hoje tens o meu amor amigo,
o que é maior que tudo o que tivemos,
o que te dei, o que vivemos,
quando pensávamos que a paixão era eterna
e nossa união, constante fogo duma espera.
Hoje tens a mim, teu irmão.
Acabada a paixão, fica-nos ele
vívido na proteção de uma amizade
que nasceu para jamais morrer.
Quero enterrar-me em tua cova
ou na mesma urna, onde juntos formos,
testemunhando o quanto fomos felizes.
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