O Inverso da Vida
Minhas auroras choram à tardinha
quando já não me faz dormir a noite
e o dia, afoito, chama-me pra brincar.
Minha solidão está na maior hora do dia
mascarada, cheia de fantasia,
como uma feia sereia fora d’água
sem sede!
Meus olhos vêem o tempo passar
na direção do infinito,
para o mesmo lugar onde vai meu grito,
que não ouço mais.
Se tudo fosse nada...
e o que passou não fosse passar mais
e o que eu não amei, me quisesse:
nada se prestaria a ser
porque, em ser-se assim,
o horizonte teria um fim
e do outro lado...
não moraria minha saudade.
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