Papai de fel.
Eu, papai de fel de mim,
nem vi Papai-Noel descer
na chaminé do meu sonho de Natal.
Cheguei cansado e triste
desfamiliado, sem amigos:
um trabalhador em desalinho
com o mundo em desabrigo.
De corpo e alma chorosos,
vergado ao cansaço fui dormir
e coitado de mim, nem sonhei.
Os sapatos, sujos,na porta os deixei
e nem dei conta de que dormi no sofá,
quase no chão.
E a chaminé? De onde, essa chaminé?
Meu barraco é de lona, uma zona,
quase em pé, quase no chão.
Mas dormiu comigo um sonho
de ver um dia o meu Papai-Noel,
quando o meu papai de fel morrer
e sem fome puder chegar em casa,
e do barraco ficar apenas a lembrança
que um dia um trabalhador
sonhou em ser Papai-Noel.
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